"Grávida do mais profundo
silêncio
Ainda escuto a tua voz, meu
Amor,
De um timbre inigualável,
De abalos momentâneos,
De imediatos entusiasmos de impulsividade,
De um querer que assim que é
Deixa logo de o ser.
Em mim reina o mais efémero
De todos os efémeros
sentimentos
De uma vontade in-constante.
Suave, subtil, encantatório,
Por instantes, levas-me pela
tua mão,
Meu Amor, para os intrincados labirintos
Da Paixão onde nada se
aquieta.
O círculo do Prazer e da
ausência da Dor,
Também da Felicidade e da
Solidão,
Dos espasmos das recordações,
Dos perturbantes fluxos da
memória...
Sempre se ergue, ciclicamente,
numa harmonia
Interpolada de encontros e desvios orgásticos,
Que a Alma intrigam e o Corpo
excitam
E incitam, à mais plena fusão."
Isabel Rosete, in "ENTRE-CORPOS"
Desenho: Mário Branco, 2001