sexta-feira, 4 de maio de 2012


Brilho opaco
(Poema de "Entre-Corpos")


O que esperais depois do Amor?

A fumaça dos cigarros
Que libertam o relaxamento
Da tensão do prazer?
A frustração de uma paixão não resolvida
Que fustiga o cérebro?
O desespero inaudível que se escuta
Na cadência inesperada da Morte do Amor?

O que esperais depois do Amor?

O silêncio da Alma que diz o não-dito,
O que ficou por dizer
No Corpo ainda estremecido?
A resposta inexistente
Que permanece aberta por entre
O suor, o riso e as lágrimas?

O brilho opaco das secreções que restam
Espalhadas nos lençóis enlaçados
De uma cama desfeita?
O cheiro molhado
Dos corpos exaustos e amortecidos?

Uma outra erupção libidinal que reinicia
Mais um ciclo de cio?
O não do esgotamento da semente que,
Teimosamente, não fermenta?

O que esperais depois do Amor?

Isabel Rosete






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