sexta-feira, 21 de outubro de 2011

RUBEN BETTENCOURT, o músico de "ENTRE-CORPOS"

É com muito prazer que vos anuncio que o Guitarrista Clássico, RUBEN BETTENCOURT
(http://youtu.be/Fsi_4uHu1Qg), será um dos momentos altos da sessão de lançamento deste livro.
Interpretará a obra intitulada "Três Pinturas da Floresta", de Konstantin Vassiliev, em três andamentos:
- “O Velho Lago" (The Old Oak)
- "Floco de Neve" (Snowdrop)
- "A dança dos fantasmas na floresta" (Dance of the Forest Ghosts).
Saudações poético-musicais,
Isabel Rosete

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O que é um livro senão um filho parido?



"PARTO",  desenho de Mário Branco, ilustrando-me depois do meu único parto, Pastel sobre cartão, 2001

Diálogos com os meus "Musos" - Nietzsche

Escrevo sob a tua inspiração, meu caro Nietzsche, amado por muitos e odiado por tantos outros, tal como eu!
"Maldito" ou não, és um dos meus Mestres da Revolução Axiológica, de um "Novo Homem", e, sobretudo, de uma outra concepção de Arte, apolínea e dionisíaca: as formas, que moldam, que dão brilho e luz; o instinto, que faz criar fora do domínio das aparências, que diz o íntimo, sem véus, sem a moldagem imposta pelo convencionalmente instituído.
Levas-me sempre às entranhas de mim e de todos os outros, numa verdade frontal e assumida na sua mais plena Identidade.
Isabel Rosete, 14/10/2011

Diálogos com os meus "Musos" - Fernando Pessoa(s)

«E tu, Fernando Pessoa(s), com tantos Rostos, tantas Personalidades, tantas Identidades? Sinto-me, sempre, tão próxima de ti! Sou tanto o teu Álvaro de Campos, repleta do seu/meu cansaço, apesar de ter em mim todos os sonhos do mundo! Serei Alguém, um dia?
Aqui estás neste meu novo livro, "entre" tantos corpos e tantas almas, saudado e celebrado. Já não vivo sem os teus "Eu(s)"! Nem sem os meus!»
Isabel Rosete, 14/10/2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Corpos de "ENTRE-CORPOS"
«Ah, como saúdo Álvaro, o Campos,
Que quer “acabar entre as rosas”[1],
Por se ter lembrado dessa extraordinária
Noção do “ridículo” que adjectiva, não
Exclusivamente todas as cartas de Amor,
Mas, todos “os sentimentos esdrúxulos”[2]

Isabel Rosete


[1] Álvaro de Campos, “Poesias de Álvaro de Campos”, Edições Ática, p. 86.
[2] Álvaro de Campos, “Poesias de Álvaro de Campos”, Edições Ática, p. 85.
«Ah, como venero Camões,
O Luís Vaz do “vi, claramente visto”[1],
Qual pleonasmo da transparência do “Ver”
E dessa incontestável definição do Amor
Como o “fogo que arde sem se ver”,
Como a “ferida que dói e não se sente”...! [2]»

Isabel Rosete


[1] Luís Vaz de Camões, “ Lusíadas”, Canto V – 18, Círculo de Leitores, p.190.
[2] Luís Vaz de Camões, “Obras completas de Luís de Camões”, Círculo de Leitores, Vol. III, p. 47.


Em cada fruto a morte amadurece,
deixando inteira, por legado,
uma semente virgem que estremece
logo que o vento a tenha desnudado.[1]

Eugénio de Andrade


[1] Eugénio de Andrade, “As Mãos e os Frutos”, Campo das Letras, p. 99.


Há mais razão no teu corpo do que na própria essência da tua sabedoria. E quem sabe porque é que o teu corpo necessita da essência da tua sabedoria?
Tu dizes “eu” e orgulhas-te desta palavra. Mas há qualquer coisa de maior, em que te recusas a acreditar, é o teu corpo e a sua grande razão; ele não diz Eu, mas procede como eu.[1]
        Nietzsche


[1] Friedrich Nietzsche, “Citações e Pensamentos de Friedrich Nietzsche”, Casa das Letras, p. 100.







O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é.
(...) Quero-te para o sonho,
Não para te amar.[1]
            Fernando Pessoa


[1] Fernando Pessoa, “Poemas de Fernando Pessoa”, Editorial Comunicação, pp. 94 e 82.
«Violência? Fazer-violência?
‑ Sim, o fazer-violência
Constante, perene, entre os Povos e as Nações!
Não o vedes, aí,
Mesmo defronte dos vossos olhos cegos?»

Isabel Rosete
«Se a Morte me bater à porta,
Esse Anjo negro ou branco,
E se o Amor já se tiver extinguido,
Não terei receio de a abrir
De par em par,
Não terei receio de me dar
E de a convidar para entrar.
Sempre a aguardo
Na luz última do fim da tarde,
Nem sempre pardacenta.»
Isabel Rosete

A música eleita para "ENTRE-CORPOS"

Astor Piazzolla, "Libertango":

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Até à hora da nossa morte (e nessa altura já não será viável), temos dificuldade em considerar alguém o amor da nossa vida.
           Alain de Botton[1]


[1] Alain de Botton, “Ensaios sobre o Amor”, Círculo de Leitores, p.10.

                        



       De eterno e belo há apenas o sonho.
       A subtileza das sensações inúteis,
       As paixões violentas por coisa nenhuma,
       Os amores intensos por o suposto em alguém.
        Essas coisas todas –
        Essas e o que falta nelas eternamente – ;
       Tudo isto faz um cansaço,
        Este cansaço,
         Cansaço.
                          Álvaro de Campos[1]


[1] Álvaro de Campos, “Poesias de Álvaro de Campos”, Edições Ática, pp. 215 e 64.





Aquele que ama quer ser possuidor exclusivo da pessoa que deseja, quer ter poder absoluto tanto sobre a sua alma como sobre o seu corpo, quer ser amado unicamente, instalar-se e reinar na outra alma como o mais alto e o mais desejável (...)
O Amor também deve ser aprendido.

Nietzsche[1]


[1] Friedrich Nietzsche, “Citações e Pensamentos de Friedrich Nietzsche”, pp. 85 e 86.
Impetuoso, o teu corpo é como um rio
Onde o meu se perde (...)
Passamos pelas coisas sem as ver,
Gastos como animais envelhecidos;
Se alguém chama por nós não respondemos,
Se alguém nos pede amor não estremecemos:
Como frutos de sombra sem sabor
Vamos caindo ao chão apodrecidos.

Eugénio de Andrade[1]


[1] Eugénio de Andrade, “As Mãos e os Frutos”, pp. 57 e 97.
«O complexo físico-químico que somos revolta-se aquando da junção do Corpo e da Alma, fundidos num desejo só. É o querer que comanda. Um querer que é vontade do outro. Sem o outro não se mantém; sem o outro não sossega.
Infortúnio da Alma, este querer ilimitado, esta Vontade-de-poder que determina os sentires incondicionalmente, porque está acima do Tudo, do Absoluto, do Indeterminado, do Telos de todas as coisas animadas ou inanimadas, porque vai para além da Morte e destrona o efémero?»
Isabel Rosete
Ilustração de "ENTRE-CORPOS", Mário Branco, "Sem Título", s.d.
«Ainda e sempre o enigma da Esfinge? O erro do nosso estar metafísico que não nos deixa ser Édipo? Ou a ausência da luz do Ser?
“Caminhamos para uma Estrela, nada mais”, “quando, no silêncio da madrugada, o céu pouco a pouco se ilumina no cimo das montanhas…”»[1]
Isabel Rosete


[1] Martin Heidegger, “Questions III”, pp. 21 e 20, Gallimard, 1966 (tradução de Isabel Rosete).
«Entre-Corpos, coisas do Amor e da Morte ou da Morte do Amor são, a limite, o mesmo. Talvez haja uma paixão desmedida, completamente assoberbada, no Amor e na Morte, que nos descontrole o Espírito, sem volta á sensatez. O racional e o emocional misturam-se num novelo de emaranhados fios, de nós não desatados. Impera um Amor que se gera nas Ideias, mas que solicita, ao mesmo tempo, o corpo para a sua materialização efectiva, porque dele inseparável.»
Isabel Rosete
«Fala-se de Corpos nesta obra que desce até às entranhas do Sentir. De corpos vivos e mortos; de corpos decaídos e exaltados; de corpos cansados e embriagados; de corpos em todas as suas formas e estados reais ou possíveis.
Também as Almas são, aqui, celebradas: as puras, as impuras, as que transmigram, as que permanecem neste ou naquele lugar sonhado, vivido, projectado, tão intensamente, pela paixão convicta de ser o Tudo, na sua autenticidade iluminatória.
Almas fora ou dentro dos corpos; almas que transcendem e deixam, por instantes, os corpos suspensos, solitários, entregues a si próprios; almas que os integram, acompanham e animam na leveza ou no peso do Cosmos.»

Isabel Rosete

«Aos outros cabe-lhes o universo;
 A mim, penumbra, o hábito do verso.
Todo o poema, com o tempo, é uma elegia.
Não há outros paraísos que não sejam paraísos perdidos.
A página vive para lá da mão que a escreve.»
Jorge Luís Borges[1]


[1] Jorge Luís Borges, “Os Conjurados”, Difel, pp. 57, 61 e 63

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"TACTO"

Uma pequena mostra do interior de "ENTRE-CORPOS":

«Mãos macias são as tuas, meu Amor,
Deslizando pelos contornos do meu
Corpo débil, frágil, encolhido…
No majestoso calor que elas emanam em mim.

Sobem e descem, as tuas mãos, meu Amor,
Dentro e fora de mim,
Em movimentos ora singelos e leves,
Ora intensos e extasiantes.

Arrepiam-me até aos confins
De todos os meus poros,
Até ao mais íntimo da minha alma
Acalentada pelo teu cheiro, ímpar,
Que em mim penetra e fica
Como um fóssil
Por todo o meu corpo estendido.

Emaranho-me nas tuas mãos, meu Amor,
Como num lençol de cetim vermelho,
Fresco, escorregadio… raiando de sensualidade
Por onde os nossos corpos deslizam,
Suados e consolados, pelo prazer do Amor.

Assim te quero, assim te desejo, meu Amor,
Por entre as tuas mãos que o meu corpo conhecem
Nos mais finos detalhes, até nos mais encobertos.

Nunca deixarei de te amar, meu Amor,
Mesmo que as tuas mãos pereçam
E nunca mais me toquem.»

Isabel Rosete, in "ENTRE-CORPOS", Edições Ecopy, 2011
Ilustração: Mário Branco, "Sem Título",2007
CONVITE (informal):
Para todos vós, meus leitores presentes e futuros, familiares e amigos,
Informo que o meu próximo livro, "ENTRE-CORPOS", Edições Ecopy, será lançado no dia 29 de Outubro de 2011, Sábado, ás 21.30 h, na livraria Bertrand - Fórum/Aveiro, em Aveiro.
Prefácio e apresentação da obra pelo Poeta e Doutor Honoris Causa João Tomaz Parreira.
Conto com a presença de todos vós para mais uma celebração da Poesia no palco do Amor e da Vida, regada pela sensualidade e pelo erotismo das almas e dos corpos "entre".

Saudações poéticas,
Isabel Rosete
A PRIMEIRA ANÁLISE:
Há corpos que se atiram contra outros corpos. Uns compulsivamente, outros suavemente. Desse choque, dá-se a transformação da alma-encharcada em alma-fogo. O amor-fogo é fruto desse debater-se intenso entre-corpos. Amor-fogo, amor de Orfeu, que procura a alma-fogo de Eurídice, para a depositar num corpo-quente. Ao debaterem-se, não deixam que a chama-pulsão contida neles, deixe de ser enxuta. Enxuta, porque quente. Quente, porque bom condutor para emocionar.
Estes corpos auto-hesitantes, por vezes, querem e não querem; por outras, amam e não amam o outro corpo. Vivem numa contínua repulsa e proximidade. Mesmo que tencionados um no outro, as almas-fogo, nunca se fundem, nunca se queimam juntas. Fora das almas-fogo, fora dos corpos-quentes, só reside o frio: a morte.
Gonçalo Rosete
SINOPSE LIVRO:
«O impulso à umbilical comunhão dos corpos cresce numa escala vertiginosa, que desatina e não atina em absoluto. Há a inquietude irritante e ardente dos amores não vividos, num intenso enorme, ou numa quase loucura do ser que não é, mas que fustiga e não pára e não se aquieta. Assoma o prazer desejado sem contenção, nem dos músculos, nem das veias, nem das vísceras, nem das células.
Ergue-se, num escasso instante, o turbilhão existencial que nos transporta para múltiplos estados outros, jamais cogitados. Instala-se o novo, o inesperado, a súbita palpitação do Coração desprevenido emersa pela paixão que, freneticamente, se desenrola sem rumo determinado.
O Amor vulcaniza-se pelos meandros da Vida e da Morte e derrama a sua lava, incandescente, em todas as direcções. Não escolhe trilhos. Não tem deliberações. Apenas escorre, flui, goteja, mas nunca se esgota. Há sempre um rasto que fica no e para além do Tempo.»
Isabel Rosete
Um livro, um filho
O acto único, singular, de lançamento de um Livro é sinónimo ao de parir um Filho: é Dor e Amor ao mesmo tempo, que se partilha com o Mundo. "ENTRE-CORPOS" está para nascer, no próximo dia 29 de Outubro de 2011, daqui por poucos dias. Espero que assitam comigo ao ser vir-ao-Mundo.
Isabel Rosete
O NASCIMENTO DO MEU NOVO LIVRO, “ENTRE-CORPOS”
Compor um livro - não escrevo livros, componho-os - corresponde ao processo de germinação de um embrião que vai crescendo, ganhando forma, estrutura, identidade intra-uterina, na mente que o vai organizando, peça por peça, em todos os seus pormenores: primeiro, os interiores; segundo, os exteriores. Surge Nu, tal como todos nós viemos ao mundo, numa primeira instância (o miolo do livro); depois, veste-se com a roupagem que lhe é mais adequada (a capa do livro), respeitando a sua especificidade de conteúdo. Assim fiz "ENTRE-CORPOS".
Isabel Rosete